Foi um beijo. Que me queimou por dentro com uma força que nem todas as palavras do mundo são capazes de explicar. Pra você, só um caso. Um momento, um acaso. Apareceu e sumiu com a mesma intensidade. Bagunçou tudo por aqui e saiu sem arrumar a cama desfeita pelas noites sem dormir. Hoje quando você me pergunta se estou bem, penso em como tem coragem de agir normalmente depois de tudo. Cada palavra que me diz só me faz lembrar das palavras que me disse um dia, dos segredos que trocamos que podiam não ser tão secretos assim. Da confiança que depositei e que hoje não sou capaz de fazer. Passei dias pensando se pensava em mim e porque não houve nenhuma explicação. Por fim entendi que não fui nada, e era melhor seguir na ignorância de saber o que sentiu. Se foi por proteção ou não eu nunca soube. A única certeza que tive é que pra mim foi real.
Sobre aparecer na minha vida, conversar comigo nas horas mais improvaveis, e aparecer no meu trabalho com um sorriso que me tirava o chão: isso era fichinha pra o que acontecia comigo quando pensava em você. Minha imaginação percorria lugares magnificos quando me lembrava do seu olhar pra mim. Não era um caso, não era nada proibido ou complicado. Era simples até demais. Eu ao menos achava. Você me acalmava e me tirava do sério na mesma proporção. Me fazia sorrir e me deixava de mal humor com a mesma intensidade. Você me olhava e eu imaginava o que podia estar passando na sua cabeça naquele momento. Se era o mesmo que eu, ou se era além.
Nunca acreditei que ia passar daquilo, mas sempre achei que aquilo não era suficiente, guardei pra mim. Foram poucos dias, ótimos dias. Acabou exatamente como tinha que acabar, sem maiores danos. Conheci um homem, e em pouco tempo o que eu conheci desmoronou na minha frente. Pensei que podia se importar, vi que não se importava. Pensei que poderia voltar atras, vi que não voltaria. Achei sim que pudesse ter ao menos um adeus, não teve. Hoje vejo que foi melhor assim. Cada um vivendo com a consequência do que fez; Não me senti mal, nem culpada, nem com remorço de algo. Me senti tola, idiota, burra, por deixar que palavras me fizessem tão bem e me inebriassem tanto. Eu escrevo, sei muito bem o que palavras podem fazer, reconheço o poder delas a distância, e caí na minha própria armadilha. Me olho no espellho e leio calmamente suas mensagens, vejo o quanto mudou, e no meu reflexo vejo como mudei, revejo em minha mente cada passo que dei, enquanto arrumava flores por aí (...) Pensei, em tudo mais de uma vez, e vi que mesmo com toda raiva que eu possa sentir, não faria nada diferente. Me queimaria outra vez no mesmo fogo, provaria o gosto do mesmo beijo, me estrassaria no meio da noite por um comentário idiota seu, me acalmaria com outro comentário idiota, esperaria por meu presente de aniversário, desfilaria na sua frente com o mesmo vestido ridiculo, sorriria as 6h da manhã com a mesma intensidade mesmo não tendo dormido nada na noite anterior, aceitaria o mesmo café. Acreditaria nas mesmas histórias. Não mudaria absolutamente nada. Pensei, realmente pensei em te dizer tudo isso, não disse. Guardei. E guardo ainda mais aqui comigo.
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