terça-feira, 10 de março de 2020

 Eu não sei o que tirar do peito quando esse sentimento aparece aqui. É uma sensação de abismo que volta e meia vem me perturbar.
É a incerteza de estar no caminho certo, é o barulho dos dias conturbados. É o excesso de silêncio que o outro faz. 
É tudo que eu não digo quando eu preciso. E ao mesmo tempo são todas as palavras que transbordam em mim. Eu definitivamente não sei definir. É excesso. É falta. 
Um dilema que eu nem sei o motivo, uma tristeza sem causa. É o fim do dia exaustivo que chega para pesar. É o desabafo sufocado com alguém pelo telefone. 
São as letras que eu não escrevi. É o adeus que eu não dei. 
É a culpa que eu não assumi. Talvez é o erro que eu nem cheguei a cometer. É confusão, grito, sussurro, é a mensagem de bom dia que não me responderam.
Falta de mensagem, também é mensagem. 
É solidão. É estar no meio de um monte de gente e sentir-se rodeado de nada. É vazio. É acaso. É choro. São aquelas lágrimas do fundo da alma debaixo da água fria do banho. É a letra de música que eu ouço quando estou assim. Desse jeito que eu nem sei como.
Eu queria ser calmaria, mas eu sou confusão. Profunda, sem fim. Eu queria ser apego, mas eu sou distância, eu sou espaço, eu sou mais coração que razão. 
Eu queria poder não jogar aquele jogo que eu já decorei, mas eu mesma caí na minha própria armadilha. 
Me disseram que o tempo passa e arrasta tudo pro seu devido lugar. O tempo está passando e arrastando tudo mesmo, só que cada coisa que volta pro lugar, são pelo menos mais dez mudando de direção. Li esses dias que viver é perigoso. É aventura. É o não dominar as sensações e reações. É mais do que estar, é ser. No meio de um turbilhão de sentimentos sem nome, eu ainda sou capaz de tirar proveito da situação e me lembrar: estou sentindo, estou sendo, estou viva. Vou vivendo. Um dia de cada vez. Mesmo que alguns deles, pareçam uma vida inteira indo embora. 

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