Ele se desarmou no meu colo. Eu fingi plenitude. Fui ao céu e ao inferno tantas vezes que já não sinto dor. Eu ouvi sua risada tantas vezes ecoando numa manhã sempre tão feliz, que acostumei com o percurso logo cedo. Não sentia mais medo e de repente sentia medo demais. Não esperava tudo tão avassalador. Num dia sexo intenso, no outro um adeus sem corpos.
Tanta intensidade resumida em poucas palavras numa conversa sem fundamento, sem meio e com fim. Um ponto final enorme e brilhante, mesmo sem dize adeus. Enquanto o dia corria meu pensamento foi direto pro jeito de me tocar sem me invadir, sabia que cada milimetro de mim ainda implora um beijo seu? Você no meio desse deserto e toda essa normalidade foi o meu mais belo acaso. O meu mais furtivo encontro. O meu desejo do fim do dia escorrendo pelos dedos. A minha vontade de entrelaçar e desaparecer em horas tão perfeitas. O seu cuidado além da cama me desenhando, me desvendando, me aceitando. A sua culpa por me fazer dormir tranquila depois de horas íncriveis de prazer. Tudo isso ecoando na minha mente, sendo processado pouco a pouco pra sumir numa gaveta qualquer, e um dia numa conversa de amigas eu simplesmente soltar um: é foi bom.
É estranho entender toda a erupção em mim indo embora. Todo o prazer do meu corpo se despedindo de mim e dando lugar a uma saudade dolorosa, quente e sem hora pra acabar. No final do dia eu queria ser sua escolha de novo, eu queria ser prioridade, importância. É. Eu queria. Eu escondi de mim que queria; Queria.
Antes de ir me desfazendo de nós, ir apagando nossos nós, eu tô com aquele sol de fim de tarde na cabeça, a sensação de calmaria depois do furacão durou tão pouco que meu único e terrível arrependimento foi não ter me entregado de vez nos últimos segundos naquele quarto. Se eu fechar os olhos agora eu sinto o cheiro da madeira forte. E consigo sentir o volume do seu pau saindo daquela cueca e apertando em mim. Bandida. Cretina. Cachorra. Em dois segundo ouvir isso me transforma na devassa que você gosta e eu vou simplesmente deixando o corpo agir, reagir. O meu acaso mais completo. O meu erro mais gostoso. A minha falta mais sincera. Vem cá sorrir comigo, me empresta teu colo para que eu me recomponha e entenda minhas dores. Vem cá me trazer seu abraço para minhas dores serem mais leves, menos cansativas. Vem cá cantar desafinado no meu ouvido e me fazer ver o quarto rodar. Vem cá segurar minha mão e aproveitar cada segundo comigo.
Aproveitamos. E fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário