Ele me deixou nua com um olhar. Me despiu completamente enquanto sua voz rouca ecoava no ar. A fala arrastada aliada ao toque simples foi me causando sensações pelo corpo inteiro. Quando dei por mim já não era mais tão simples controlar meu corpo. A mente inteligente dizia não, mas o corpo, ah o corpo! Teimoso que só ele, implorava por um sim. Enquanto a raiva e a adrenalina percorriam meu corpo, minha mente silenciosa sussurrava que meu êxtase chegaria a qualquer momento. Então a voz cessou, o toque antes suave e acolhedor, se tornou forte e exigente. E o olhar... me atravessou como uma bala, e em menos de um segundo estava entregue. O corpo antes frio e molhado por chuva, agora esquentava com uma urgência sem tamanho. Suas mãos habilidosas começaram a fazer o trabalho que seu olhar, agora sombrio, já tinha feito momentos atrás: me despir.
Cada peça tirada com paciência, cada suspiro ecoando no ar como um pedido do que o corpo queria. E se aquelas paredes falassem (...) Contariam cada detalhe do calor do meu corpo pressionado a parede fria. Quando seu olhar pede por alguma coisa, algo em meu corpo responde automaticamente que sim, sem ao menos ter certeza de quão perigoso será. Seus dedos rápidos procurando meu corpo, ansiando por toque, fazem das minhas curvas um pequeno labirinto, aonde encontrar o caminho da maneira mais lenta, é o jogo final.
E quando um barulho toma conta de cada canto do apartamento, e a resposta desse barulho é um gemido desesperado de tesão, a razão já se perdeu, a lógica já não existe, e não existe nenhuma negativa capaz de parar o que agora os consome: prazer. Um prazer urgente de ver o outro se acabar em êxtase, um prazer fora do comum em que um simples tapa pode contagiar o corpo inteiro. Deliciar-se em cada parte do corpo é a única regra. Não existem amarras, nem pudores, contradições ou dúvidas. A linguagem que falam é a do olhar, o sentimento que os une é o desejo.